quarta-feira, 26 de março de 2008


- Tu não vieste! Por que tu não vieste? Fiquei à tua espera todo o dia e quando chegou a noite, por desventura do destino, tive que partir... E partir... Sem ver teu rosto. E mais uma vez, vais amanhã para longe, e não irei vê-lo. Mais uma primavera terá de passar até que eu possa vê-lo novamente? A nossa vida é feita de escolhas, mas não lembro-me de ter escolhido sentir tanta saudade assim, que mal me cabe no peito.
- Perdoa ó querida amiga! Mas contratempos seguiram-me até que estivesse tão tarde a ponto de ser deseducado ir a ver-te em tua morada.
- A mim não interessam deseducações! A mim interessa acabar com quem definha meus sentidos! Com quem não me deixa sentir nada mais além de saudade, de falta. Com quem não permite fechar os olhos e dormir em paz sem que me venha tua imagem à cabeça! Esta falta que me atormenta e tortura os pensamentos!
- Perdão peço-te novamente! Suplico-te que entendas! Tudo que sentes de mal, vive em dobro aqui comigo, e como também teu rosto não sai dos meus pensares, esses tormentos não me deixam um segundo só, para pode pensar em ti, e lembrar-me de como foram nossos outros encontros...
- Isso é o que dizes! Não quero mais tuas desculpas! Agora o que quero é arrancar esse coração, que aliás já não está comigo. Te segue pra onde quer que vás. Sabendo disso, rogo-te de joelhos à tua frente, para que me devolva tal, e possa assim, jogá-lo fora para não mais sofrer aqui sem ti.
- Não! Ninguém pode viver sem coração! E eu não posso viver sem ti! Não me jogues fora junto com teu coração, dentro do qual sei que estou, porque também não quero ter de me jogar fora da vida amarga e solitária que teria sem vós. Tu não estás só em meu coração! Estás em tudo que em mim circula! No vento que me sopra o rosto durante as cavalgadas! Na água que me reflete. Estás no sol que brilha pra que acorde e pense em você, e principalmente na lua. É ela que mais me faz pensar em ti! Tão distante... Tão bela... tão longe e tão presente ao mesmo tempo.
- Não me faça cair em prantos com suas mentiras! Já cansei de sofrer com minhas próprias lamúrias! De negar tantos outros príncipes por conta de um mísero plebeu! Posso não ser feliz sem ti em minha vida, e não amar mais ninguém contigo em meu coração; mas vou esquecer-te. Será difícil, eu sei. Sei também que o tempo não vai me curar, vai apenas mudar tua posição de importância em meu peito. Sei que se forem passados cem anos sem ver-te, e após esses tantos, tu reaparecerdes, reaparecerá também o amor que sinto por ti. E nos cem anos seguintes a dor irá abrandando-se ao poucos como outrora fizera.
- E tu preferes sofrer a acredita em mim? Quem te ama mais do que à própria vida?
- Sim!
- Então que assim seja. Adeus minha princesa... Tu viverás eternamente em meu peito.

“Querida Princesa,
Não haveria de conseguir tal proeza de viver sem tua beleza ao meu lado.
Parto hoje para um reino distante, onde minha mãe, outra plebéia qualquer, me arranjou um bom emprego e um bom casamento, com uma jovem batalhadora daquelas bandas. Rezo a Deus para que tenha tão belos olhos quanto os teus, que os cabelos sejam sedosos como os teus. E que os carinhos dela, possam afastar de mim, a dor que sinto em partir e deixar-te nos braços de outro.

Adeus amada Princesa.
Do teu, mas agora de outra,
Plebeu.”


- Está consumado. Ele se foi. Hei de viver para o resto da vida sem amor real. Camareira, por favor, traga-me a máscara de hoje sim?! Terei de sorrir e fazê-los acreditar que meu amor por Plebeu foi-se junto com ele. Graças aos céus, o Príncipe adora caçar. Poderei assim ter bastante tempo sozinha, para chorar meu amado, até que este me escute e acredite que nunca o esqueci, e nunca o esquecerei.



P.L.dA.C.
Foto: Tirada pela autora.

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