sábado, 23 de maio de 2009

         E como que pra fazer-se descobrir..


         ..o infinito se pôs alí. Numa toalha no chão de concreto e com duas pessoas encima, a olhar pro céu, como se este as fosse esmagar por um mínimo movimento que fizessem. Chegavam a pensar que uma noite inteira a olhá-las ainda passaria como menos de um minuto e que todo tempo do mundo seria pouco pro tamanho do momento. Numa imensidão de azul-quase-negro, os dois se perderam entre si, embora se soubessem alí. Tinham as mãos juntas e bem apertadas, e de vez em quando deixavam escapulir um sorriso tímido de canto de boca. Faltavam palavras que pudessem descrever. Mas pra quê palavras se em momentos assim existe o silêncio? O silêncio mais gostoso de se ouvir. De se ver. O silêncio que embora não dissesse nada, em sua contradição, dissesse tudo que precisasse ser dito. Os barulhos de fora, as pessoas gritando longe, os problemas dessa vida corrida. Nada era suficiente pra calar o bater dos corações. Era só isso que se queria ouvir. Encaravam as duas lá no alto, do mesmo modo que elas pareciam encará-los. Duas estrelas que se destacavam no meio daquele céu todo. No meio de todas aquelas.
         ..E depois de um tempo que segundo eles, pudesse ter sido suficiente pra decorar tudo aquilo, fecharam os olhos e imaginaram aquela mesma cena vista de milhões de outros lugares. 'Quem dera todos os dias fossem iguais..'

Um comentário:

John disse...

Não aos silenciófobos!